Outro dia, li um texto no blog do Larusso sobre a importância de falarmos sobre grana quando o assunto é “fazer o que se ama”. Além disso, em uma das pesquisas de prototipação da Operação Gafanhoto, meu grande amigo Bob Borges pontuou o interesse de saber como usar ideias criativas de maneira sustentável. No curso de fluxonomia que estou fazendo com a Lala Dehenzelin, o fator financeiro é sempre um assunto delicado para as novas iniciativas…
Dados os fatos, achei pertinente esquentar os neurônios e escrever sobre isso. Afinal, a questão do dindin atormenta muita gente (incluindo a mim mesmo) na hora de tomar decisões mais assertivas para se tirar um projeto do papel. Cá estão minhas percepções. Que são minhas. Só minhas. Mas pode fazer sentido pra você:
Um trabalho com significado não é um trabalho filantrópico;
Existe aqui uma linha beeeem tênue entre fazer algo com propósito e encarar meu negócio como filantropia. Sim, qualquer empresa que tenha o mínimo de organização terá em sua apresentação uma aba dedicada às suas missões. Porque faz parte do protocolo. Alguém disse que isso é importante (e bonito) de se dizer.
O que tenho percebido que pode acontecer quando a missão é maior que a visão de negócio:
- A justa troca de valores entre prestador de serviços e cliente fica fragilizada;
- O proponente não sabe precificar o seu trabalho e tem quase uma postura de “por favor, me desculpe estar cobrando por isso”;
- O cliente (que pode também estar na figura de usuário, aluno, público…) não enxerga o real valor daquilo que está sendo entregue, e acaba desistindo de consumir o que está sendo oferecido;
- O negócio (ou projeto) não alavanca/exponencializa;
- Um leve toque de arrogância do proponente querendo enfiar goela abaixo dos outros aquilo que sente e pensa;
Agora vale frisar que um projeto (ou empreendimento) também não terá sucesso sem um propósito claro do como os outros se beneficiarão com isso. Logo, contradizendo a mim mesmo, É PRECISO TER UMA MISSÃO. Mas não podemos nos entorpecer por ela. Precisamos pagar contas e todos querem ter uma vida minimamente confortável, vivendo daquilo que ama.
Meu projeto precisa ser o equilíbrio entre missão (propósito) e empatia (capacidade de auxiliar o outro).
Eu posso ser meu próprio investidor
Em um mundo cada vez mais imediatista, achamos sempre que já é “tarde demais” para fazer certas coisas. A tendência é limitar nossa mente às condicionais da vida e ir deixando na gaveta aquilo que realmente queremos fazer, recheando os pensamentos com muitos porquês, geralmente relacionados a um trabalho que consome muita energia (porque é muito difícil, porque estou sem tempo, porque estou cansado…).
Mas e se o meu trabalho atual se tornasse instrumento para investir na minha nova ideia?
Neste caso, um propósito é primordial, seguido de uma mentalidade de médio prazo. Você começar a imaginar o que faz em um sentido além da sobrevivência. E aos poucos ir canalizando um pensamento estratégico e lógico para tirar o projeto do papel através do próprio esforço, aportando parte do recebimento do mês para esta finalidade, aprendendo sobre gestão financeira… e eliminando qualquer tipo de desculpa.
To ligado que assumir assim as rédeas da própria vida pode soar inviável e amedrontador. Mas sabemos que essa é uma responsabilidade (e uma escolha) puramente nossa. 😉
Ah, e claro: COMEÇAR PEQUENO! Aprendi que uma boa estratégia é criar uma versão minimamente viável (MVP) para aquilo que você deseja, e ir crescendo aos poucos. Ou assumir a versão enxuta, que é muito mais legal e te trás muito mais liberdade!
Primeiro a audiência, depois o projeto (ou a importância de se aprender a pedir ajuda)
Já reparou o quão acessível você está dos outros, de qualquer lugar do mundo?! Já reparou que existem milhares de ferramentas que você pode usar para expor sua ideia, seus pensamentos e tudo aquilo que está relacionado ao seu projeto, e que todas elas têm o potencial de exponencializar sua mensagem?
Pois é. Se você for esperto, começará hoje mesmo a depositar mais energia para construir uma audiência. Porque ter uma audiência é ter um ativo abundante para suas ideias. Você entrega valor para eles, e eles te retribuirão.
Ah: E construir uma audiência não é buscar fama. É tornar sua mensagem relevante. Que pode ou não te tornar famoso. Mas não queira isso em primeira instância. Já tem muito famoso sem conteúdo passando diariamente no TV Fama.
Mas vale a ressalva: fazer isso dá trabalho pra caral*** e vai fazer você ficar exposto. Haverá haters. Terão pessoas discordando de você, ou simplesmente não gostando daquilo que você faz. Isso faz parte do jogo de encontrar aqueles que têm sinergia com a sua mensagem e querem ouvir o que você tem a dizer.
Há aqueles pessimistas (principalmente aqueles que assistem Black Mirror) que adoram propagar teorias conspiratórias de que o mundo em rede está nos afastando da vida real. Compreendo a perspectiva do mau uso das ferramentas, mas precisamos enxergar que esse “boom” está relacionado à novidade e não à uma praga demoníaca que nos transformará em robôs.
A internet faz a gente se unir e não dissipar ou individualizar. Claro, usar melhor a internet é uma pauta extremamente importante para reduzir a quantidade de porcarias e para aumentar a qualidade das relações DO MUNDO REAL. Amanda Palmer pode falar melhor sobre isso do que eu:
(Já vou finalizando por aqui. Assuma logo as rédeas daquilo que você quer fazer! Está mais acessível do que você imagina. Não vai ser fácil, nem do dia pra noite, mas te garanto que esta jornada te trará muita felicidade!)